SEAERJ COMEMORA “50 ANOS DO PARQUE DO FLAMENGO: ONTEM, HOJE E AMANHÔ
A SEAERJ promoveu entre segunda-feira (9/11) e quinta-feira (12/11), diversas atividades para comemorar os 50 anos do Parque do Flamengo. No primeiro dia, aconteceu o ciclo de palestras, reunindo e n g e n h e i r o s , a r q u i t e t o s e e s p e c i a l i s t a s , q u e apresentaram um panorama histórico sobre o projeto e a obra, assim como as medidas que estão sendo implementadas para sua preservação e realizações futuras.
A sessão solene foi aberta pelo presidente da SEAERJ, Nilo Ovídio Lima Passos. Após execução do Hino Nacional, acompanhado por integrantes do Coral da SEAERJ, ele saudou os palestrantes e o público presente, ressaltando a importância do Parque para a população do Rio de Janeiro.
Abordando o tema “Evolução Urbana do Rio de Janeiro até a criação do Parque do Flamengo”, o arquiteto Armando Ivo de Carvalho Abreu inaugurou o ciclo de palestra, apresentando breve
histórico sobre as i n t e r v e n ç õ e s u r b a n a s p r o m o v i d a s n a c i d a d e p e l o s diversos governos municipais. O arquiteto aproveitou para criticar a demolição da Av. Perimetral. “Foi uma decisão autoritária, sem consulta às outras esferas de poder, sem audiência pública”, opinou.
Em seguida, o engenheiro Walter Pinto Costa lembrou a postura decidida da paisagista Lota Macedo Soares, que lutou pela colocação de grama em lugar de saibro, conforme previa o projeto inicial do Parque. “Foram 700 mil metros quadrados de grama”, frisou.
Em sua intervenção, o engenheiro Julio Ferrarini Maione elogiou os profissionais que trabalhavam na Superintendência de Urbanização e Saneamento (SURSAN), órgão de urbanismo do então Estado da Guanabara, responsável pela obra. Ele destacou a característica heterogênea do aterro. “Na construção das pistas, buscamos uma mistura que pudesse superar o prazo de 30 anos para o tráfego previsto. Aumentamos o dimensionamento para 50 anos. E acredito que as pistas vão durar ainda, outros 50 anos”, previu.
Encerrando o ciclo de palestras da manhã, o arquiteto Adilson Roque dos Santos destacou a equipe multidisciplinar que atuou no projeto do Parque, chamando a atenção para o conceito paisagístico de Burle Marx. “Sua ideia foi a de criar dentro de uma estética ligada ao modernismo, um paisagismo tropical, buscando valorizar a flora brasileira”, avaliou.
MONUMENTO – O arquiteto Marcos Konder Netto abriu a rodada de palestras da tarde, lembrando quando venceu o concurso público para o projeto do Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, hoje “carinhosamente” conhecido como “Monumento dos Pracinhas”. É dele também o projeto do Restaurante Rio’s no mesmo Parque do Flamengo. Se não bastassem estas duas obras, sua opinião externada a Affonso Eduardo Reidy fez com que o mesmo revisse o projeto inicial para a área de lazer e incluísse ali um número maior de campos de futebol do que o inicialmente previsto.
– Tinha espaço para aeromodelismo e outros esportes de elite, mas o futebol ocupava uma área
pequena se levada em conta a paixão nacional pelo mesmo. Como tinha liberdade com Reidy, dei minha opinião para que ampliasse esta área e a mesma foi acatada. Inaugurado o Parque e, depois, ao longo dos anos, a ocupação constante destes “campos” demonstra que acertei na previsão – comentou durante sua apresentação.
Konder disse ter concorrido com 36 outros arquitetos na primeira etapa do concurso público, que analisou os estudos preliminares para o monumento em homenagem aos soldados brasileiros mortos na guerra. Ficou entre os cinco classificados para a segunda fase que consistia no projeto em si. Neste momento, convidou Helio Ribas Marinho para pensarem juntos a “obra de arte” e da dupla nasceu a proposta vencedora, o monumento que hoje ocupa papel de destaque na arquitetura do Parque de Flamengo, numa área total de 850 metros quadrados.
A importância deste monumento – onde estão sepultados 467 soldados brasileiros – foi destaque na fala de seu diretor o Ten.Cel. Carlos Alexandre Cunha, que elogiou também a iniciativa da SEAERJ em homenagear os 50 Anos do Parque do Flamengo, “pois este ciclo de palestra é uma oportunidade de termos acesso à história viva desta que é uma das mais importantes obras da cidade do Rio de Janeiro. A expertise dos profissionais que aqui estão e as barreiras técnicas e políticas que enfrentaram os fazem merecedores do nosso eterno aplauso”, afirmou.
HOMENAGEM – A palestra seguinte, da arquiteta Jeanne Trindade, constituiu numa grande homenagem ao seu “mestre”, o também arquiteto Mario Sophia, falecido recentemente. Como forma de reconhecimento da SEAERJ a este profissional, foi entregue à sua viúva Marisa e ao filho André uma placa homenageando-o.
A palestrante abordou – numa apresentação preparada pelo próprio Mario Sophia – os aspectos que envolveram a construção do Parque do Flamengo que foi pensado como a primeira área de lazer participativo da cidade, papel que ocupa como principal referência no Rio de Janeiro até hoje, uma área recreativa “socialmente democrática”. “O Rio nesta época deixava de ser a capital federal, precisando se afirmar como uma cidade moderna e o Parque do Flamengo foi pensado dentro desta ótica diferenciada das demais grandes áreas de lazer até então disponíveis, que privilegiavam o contemplação”, explicou, lembrando que mais de cinco décadas depois, as obras arquitetônicas ali implantadas continuam a imprimir ao local a marca da modernidade.
SEGURANÇA – Em seguida, o comandante do 2º BPM, Cel. Márcio Rocha, abordou a questão da segurança em sua área de atuação e, em particular, na área do Parque. “Este precisa, antes de tudo, de melhor iluminação, projeto que está em andamento. Nossa proposta para maior segurança prevê uma Companhia Destacada com quatro postos avançados em pontos estratégicos do Parque – hoje existem dois trailers para atender toda a área – além de policiamento nos acessos, locais apontados pelos frequentadores da área de lazer como os mais problemáticos”, adiantou.
LIMPEZA E CONSERVA – Como se viu, nem só de beleza e lazer vive o Parque do Flamengo. Além da segurança, Ricardo Cavalcanti Ribas, representante da Comlurb lembrou que a retirada do posto de apoio da companhia daquela área dificulta o trabalho das equipes de limpeza e conserva. hoje compostas por 16 supervisores e 156 garis. “Para se ter uma ideia deste trabalho, recolhemos no Réveillon 17 toneladas de lixo e no Carnaval outras 20 toneladas, sendo estes os maiores eventos anuais que ocorrem no local. Isso sem falar na manutenção diária”, informou.
FUTURO – O ciclo de palestras foi encerrado por Aline Xavier, representante do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), que adiantou os planos para o Parque do Flamengo que incluem, entre outras providências, a gestão integrada de todos os órgãos envolvidos em sua manutenção, estreitamento do diálogo entre os entes públicos e a sociedade civil, criação de identidade visual, intensificação da exposição na mídia, educação patrimonial e instalação de um Centro de Visitantes. Para tanto, estão acontecendo encontros com representantes de outras áreas mundiais tombadas como patrimônio da humanidade, entre estas, o Central Park de Nova Iorque.
Ao final das apresentações foi servido um coquetel aos participantes no restaurante da SEAERJ.
VISITAS GUIADAS
Seguindo a programação das comemorações dos 50 anos do Parque do Flamengo, a SEAERJ promoveu, na terça-feira, 10 de novembro, em parceria com a Fundação Parques e Jardins da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro, visita guiada ao Parque do Flamengo.
Orientados pelos engenheiros florestais Flavio Telles e Cecília Pentagna, os participantes, durante a caminhada, puderam conhecer as diversas espécies de árvores e palmeiras do Parque Brigadeiro Eduardo Gomes, inaugurado em 1965, em uma área aterrada de 1.250 mil metros quadrados. Naquela ocasião, foi feito o plantio de aproximadamente 11.600 árvores, arvoretas e palmeiras de 190 espécies nativas e exóticas.
Na quarta-feira, dia 11 de novembro, prosseguindo a série de visitas os sócios da SEAERJ foram ao “Monumento aos Mortos na Segunda Guerra”, onde foram guiados pelos arquitetos Marcos Konder e Jeanne Trindade.
Encerrando a programação, na quinta-feira, 12 de novembro, os associados foram ao Centro Cultural Correios para uma visita guiada à Exposição Jardim de Memórias com a curadora Margareth da Silva Pereira e em seguida se dirigiram a um debate entre os profissionais da SURSAN e os colaboradores da exposição.
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