Projetos de alcance social melhorarão condições viárias em bairros do Rio e municípios
Artigo retirado da revista SEAERJ Hoje, nº 27, páginas 40 a 43.
Idealizados e em forma de proposta, projetos de autoria do Engenheiro Francisco Filardi que a SEAERJ apresentará em audiência às autoridades do Município do Rio e Governo do Estado do Rio de Janeiro, tendem a solucionar alguns gargalos no sistema viário, beneficiando até 4 milhões de pessoas em seus deslocamentos moradia-trabalho-moradia em bairros cariocas e municípios de Niterói e São Gonçalo.
Já é do conhecimento da Secretaria de Obras do Estado do Rio de Janeiro e da Associação Comercial do Rio de Janeiro, presentes em palestra promovida pela SEAERJ em abril deste ano, as ideias viárias de Filardi serão apresentadas em instituições, principalmente as ligadas à engenharia, como o Clube de Engenharia, Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU-RJ) e Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RJ), além da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Um dos projetos propostos pelo Engenheiro Francisco Filardi, associado da SEAERJ desde 08-07-1965, é a Ligação Rio-Niterói por nova Ponte Rodo-Metroviária, que proporcionará reflexos positivos ao município de São Gonçalo, como alternativa à atual ponte Presidente Costa e Silva – a conhecida Ponte Rio-Niterói -, já saturada há bastante tempo, nos dois sentidos, tanto pela manhã quanto à tarde, nos seus 40 anos de existência.
Essa nova ponte, explica Filardi, traduz o prolongamento da atual Linha Amarela na direção Niterói-Manilha, evitando-se a passagem pela região do já saturado sistema de trânsito da região do Gasômetro e Avenida Francisco Bicalho.
Essa proposta permite o prolongamento da Linha Amarela, incorporando a nova ponte e, pelo lado de Niterói, chegando à BR- 101 (Niterói-Manilha). Pode parecer um sonho – reconhece o ex-Diretor do Departamento de Estradas de Rodagem/ GB -, mas a atual ponte levou mais de cem anos para sair do papel e o sistema viário atual bem demonstra a necessidade deste novo projeto. Este projeto – frisa -, contemplaria também uma estação de metrô no Campus da UFRJ, onde circulam, hoje, cerca de 50 mil pessoas por dia, integrando a Universidade a todo o sistema metroviário do Rio.
Na opinião de Filardi, a Ponte Rodo-Metroviária com 12 km de extensão, menor que os 14 km da atual ponte, seria executada entre 5 a 10 anos. Garante aos incrédulos não se tratar de uma proposta fantasiosa de uma solução desenvolvida há 18 anos atrás e que foi apresentada a governantes nesse período. Explicou que os governantes nem sempre optam por projetos que inicia em um e termina em outro mandato.
Garante que um dia essa solução Rodo-Metrovi- ário será implementada com os projetos básico – este determinará os custos da obra -, executivo e ambiental. E o governante que der o primeiro passo vai ser lembrado mais do que aquele que cortar a fita de inauguração, admite o experiente engenheiro.
De grande importância viária para a Cidade do Rio de Janeiro, Filardi menciona o Projeto Ligação Linha Vermelha-Maracanã-bairro da Tijuca, que objetiva eliminar os atuais gargalos de trânsito nas regiões da Av. Francisco Bicalho, entorno do Gasômetro, extremamente sobrecarregados depois da demolição da Avenida Perimetral. A proposta consiste na construção de nova via que, partindo da Linha Vermelha, no ponto em que quatro pistas se afunilam em três (região do Caju), evitará os engarrafamentos nessa região. O novo traçado adentra terrenos do Cais do Porto, atravessa a Avenida Brasil, passa ao lado do Estádio do Vasco, na Rua de São Januário – onde já existe um projeto antiga de uma via, mas que nunca foi construída -, segue a Av. Alberico de Moura, Praça Argentina e Rua São Luiz Gonzaga, no bairro de São Cristóvão.
Essa nova via urbana com cerca de 5 km de extensão, atinge a Radial Oeste, ao lado da UERJ, Maracanã, Rua Professor Manual de Abreu, Rua Teodoro da Silva e Boulevard 28 de Setembro – logradouros considerados grandes eixos viários -, melhorando em muito a circulação de veículos que demandam a Tijuca, Vila Isabel, Méier e mesmo a Estrada Grajaú-Jacarepaguá, sentido Barra da Tijuca.
A nova via passará por comunidades carentes exigindo remoções, antevê Filardi, o que não impossibilita a realização da obra. Essa via, prevê, permitirá aos tijucanos adentrar a Linha Vermelha sem passar pelas regiões do Gasômetro e Francisco Bicalho, com trânsito muito saturado.
Em benefício da mobilidade do carioca, o integrante do Conselho Diretor da SEAERJ, considera também vital a nova ligação viária Linha Lilás (atual Catumbi-Laranjeiras) à Linha Vermelha nova via que aproveitará a espera do viaduto, na altura da Leopoldina, sem passar pelas Avenidas Francisco Bicalho e Presidente Vargas, que concorrem, hoje, para o tráfego tumultuado no conjunto de viadutos do Trevo das Forças Armadas.
Essa nova via, beneficiando também o Porto Maravilha, ou a área urbanisticamente recuperada do Cais do Porto, terá parte dos seus 2 km de extensão em vias de superfície e elevada. Filardi considera essa obra de execução relativamente simples, com desapropriações, que pode ser executada pela Prefeitura em no máximo dois anos. É importante ressaltar que esse estudo existe há 50 anos.
Outra proposta do engenheiro consista na ligação Linha Vermelha-Galeão, para melhorar o acesso direto de quem procede da Região Serrana e da Baixada Fluminense, sem precisar passar pela Ilha do Fundão, construído um pequeno viaduto ligando a Linha Vermelha ao acesso direto ao Aeroporto Internacional do Galeão.
De execução simples, essa obra beneficiará cerca de 20 mil veículos diariamente, sem precisar de circular dentro da Ilha do Fundão.
Quanto à proposta de novo terminal Rodo-Metroviário, diz que a Cidade do Rio de Janeiro necessita com urgência de uma nova rodoviária que se localizará no terreno da antiga Estação Ferroviária da Leopoldina. Esse terminal – antevê -, se integrará com as linhas do metrô 1 e 2, Central do Brasil e ao agora VLT que tem terminal nas proximidades.
Os ônibus provenientes de outros estados – explica -, chegarão ao terminal, transferindo os passageiros para os diversos modais ali existentes. Seu acesso se fará pela Linha Vermelha, que cruza o terreno da antiga EFLeopoldina.
Com todos os serviços, inclusive lojas e hotel, o novo terminal Rodo-Metroviário permitirá eliminar o conflituoso acesso ao atual terminal Novo Rio, com mais de 50 anos de existência, acredita Francisco Filardi.
Ligação Rodo-Metroviária
Créditos:
Fotos: Agrocolor – Daniel Tardioli
Ilustrador Digital: Guta Studio
Digitalização: Contraste Imagetec
4 Comentários
Com todo respeito aos serviços prestados pelo Engenheiro, mas essa proposta beira a insanidade no planejamento de transportes. Suas barreiras não são construtivas, mas de encadeamento lógico. Ataca-se a consequência do problema, passando ao largo das causas do trânsito da Região Metropolitana: a distribuição desigual de habitações e empregos combinada com a insuficiência de uma malha de transportes públicos de média e alta capacidade (Metro, Trem, Brt e VLT) com baixa integração física e tarifária. Mais uma vez pretende-se resolver o gargalo de trânsito com uma obra faraônica rodoviarista que estimula ainda mais o uso do carro (sim, isso tira carros inicialmente mas estimula seu uso a médio prazo). Considerar esse tipo de proposta é ignorar o PDTU, atualizado recentemente e que, mesmo com suas falhas, nos deixa recados bem claros sobre quais projetos são prioritários. Também ignora a tendência internacional de investimentos em transporte público, em detrimento ao transporte individual motorizado. Em resumo, uma proposta ultrapassada, desconectada e que presta um desserviço às discussões sobre mobilidade urbana na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Com todo o respeito, concordo com as palavras do Daniel. A Política Nacional de Mobilidade Urbana (LEI Nº 12.587, DE 3 DE JANEIRO DE 2012) define como diretriz básica a “prioridade dos modos de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado”. Me parece que estes projetos continuam a priorizar o transporte individual motorizado, em detrimento dos deslocamentos por modos sustentáveis (ativos ou coletivos). Acredito ser bem-vindo o pensar a cidade metropolitana como um todo e compreender a desigualdade territorial entre onde estão as pessoas e onde estão as oportunidades. Talvez assim consigamos parar de correr atrás do próprio rabo.
Prezados,
Sem entrar no mérito da proposta do colega Francisco Filardis, até porque não sou especialista no assunto, parabenizo a SEAERJ pela nova comunicação interativa que já está propiciando o debate saudável sobre uma questão fundamental para a nossa cidade. Aproveito para elogiar também o Daniel e o Gabriel Oliveira que apresentaram posicionamentos diferentes para a informação dos nossos associados. Sejam todos bem vindos!
Gostaria de ressaltar com referencia a todos estes projetos citados que um dos principais e que durante anos teve modificações até que se resultou na ponte Rio-Niterói, mas quanto ao projeto da Ponte Rodo-Metroviária com 12 km de extensão, este é realmente necessário e viável para nosso Rio de Janeiro não dá soluções a situação atual nem pela prefeitura e nem pelo Estado, sta seria uma obra conjunta inclusive com a união necessária ainda. :