
Missão difícil é gerenciar o trânsito da cidade do Rio
Artigo retirado da revista SEAERJ Hoje, nº 26 (dezembro de 2015), páginas 20 a 22.
“É uma missão difícil gerenciar o trânsito da Cidade do Rio de Janeiro da melhor forma possível, com uma taxa de crescimento de veículos de, aproximadamente, 4.6 (80 mil veículos/ano), considerando a frota atual de 2,9 milhões de veículos e com todas essas obras em curso.”
Esta a opinião da Presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (CET-Rio), a Arquiteta Claudia Antunes Secin, quando reconhece que, por outro lado, é muito motivador a gente tentar fazer o melhor para gerenciar o nosso trânsito, sabendo que todas essas obras, sem exceção, são obras que vão trazer uma melhora para a mobilidade da cidade, a partir do momento que são investimentos em transportes de alta capacidade, como é o caso do metrô, e transporte público de qualidade, que é o caso do VLT e dos BRTs.
Considera que a mobilidade em quatro rodas é uma mobilidade sem solução. “O que toda a Cidade precisa – tenho convencimento pleno disso, e essa é também a prioridade, o trabalho da Prefeitura -, são de projetos e obras com objetivo de calcar a mobilidade, de fundamentar, basear a mobilidade no transporte público e no transporte de alta capacidade, visto em outras cidades do mundo”.
Por isso – frisou -, não adianta fazer grandes obras rodoviárias. A Linha Amarela foi ótima quando inaugurada. Mas já está saturada. Quando a gente faz alguma melhoria, uma alteração que melhore o trânsito em algum lugar, a gente chama mais carro. O automóvel é um animal insaciável. Ele cresce desenfreadamente. Se a gente não trabalhar no sentido de que as pessoas sejam incentivadas a optar por um transporte público – e a Prefeitura sabe que para isto tem que ter um transporte público de qualidade -, a Cidade vai ser sufocada pelos veículos. E não é isso que a gente quer para o Rio de Janeiro.
“O grande investimento das Olimpíadas foi feito em mobilidade”.
Portanto, diz Claudia Cesin, carioca do Rio, “trabalhamos sempre tentando conciliar todas as frentes de obra com políticas de restrição de circulação, com rotas alternativas. Desde 2009, a CET-Rio trabalha com auxílio da tecnologia, com painéis de mensagens variáveis – marcam o tempo de viagem, alertam o motorista sobre uma melhor rota, sobre um problema, sobre um incidente que está à frente, na Cidade”.
“Trabalhamos, hoje, por exemplo, nos corredores TransCarioca e TransOeste com sinais inteligentes que calculam melhor o tempo de sinal em função da demanda da hora online, com temporizadores nos sinais e painéis eletrônicos nas reversíveis para maior segurança; nosso trabalho, o nosso desafio até 2016 é entregar essas obras, mantendo a vida da cidade”.
Reconheceu, porém, que há congestionamento, uns piores em função de um acidente, em função até da dependência de outros órgãos, como por exemplo, da Perícia. “Mas a vida da Cidade está andando; a gente está praticamente com a Cidade toda em obras, inclusive a Avenida Brasil. E a Cidade está tocando a vida dela. Essa é a missão da CET-Rio, colaborar com esses projetos em andamento”.
A Arquiteta Presidente da CET-Rio, quando se referiu às Olimpíadas ressaltou: “A diretriz dada pelo Prefeito Eduardo Paes, sempre foi que as Olimpíadas têm que servir a Cidade. Então, nossa preocupação sempre foi o legado. Ou seja, tirar das Olimpíada o melhor proveito para a Cidade. Tanto é que todas as obras Olímpicas estão contribuindo para embelezar a cidade, para melhorar a cidade, exemplo, o Porto Maravilha, recentemente a revitalização da Praça Mauá e de outros locais que estavam degradados.
Todas as obras Olímpicas vão deixar importante legado à Cidade, principalmente, as obras de mobilidade, que os BRTs vão integrar. Lembrou que o TransBrasil não é um compromisso Olímpico, mas as obras já estão em curso. Então, nas Olimpíadas, já vai trafegar por uma Avenida Brasil – ainda não com o BRT funcionando plenamente -, mas com condições melhores, com condições seguras; que era chamada, até pouco tempo, de Avenida da Morte. Isso é importantíssimo, admite.
Na opinião de Claudia Secin, o grande investimento das Olimpíadas foi feito em mobilidade: a Linha 4 do Metrô, o VLT, os BTRs. Deu ênfase ao VLT, projeto que começa na Rodoviária, vem pela Rodrigues Alves, chega na Rio Branco, vai até ao Aeroporto; é um projeto de mobilidade integrado da Cidade.
Considera o VLT um bonde moderno, uma distribuição de tráfego local que faz parte de um plano de reestruturação do transporte público que envolve, sim, a redução da quantidade física de ônibus, que já está sendo feito com a retirada de algumas linhas da Zona Sul; algumas linhas estão sendo extintas, como aquelas que saiam da Zona Norte e iam para a Zona Sul. E 80% delas passavam pelo Centro e depois pela Zona Sul. Essas linhas estão sendo cortadas e vão ser integradas no Centro da Cidade pelo VLT. O VLT é um sistema integrador de transporte dentro da Cidade.
Para a Presidente da CET-Rio, o primeiro trecho do VLT enquadra-se no projeto do, hoje, maior ícone, o Porto Maravilha. Mas, em suma, o que se pretende é revitalizar toda a área central da Cidade; é uma área importante e histórica, degradada, área com monumentos belíssimos, igrejas belíssimas.
Todo mundo sai daqui – comentou -, e vai para Buenos Aires, vai para o centro de Roma, vai para o centro de Paris, mas ninguém vem ver o Centro histórico do Rio, nem os próprios cariocas. Então a gente quer diminuir, como já vem diminuindo, o número de carros acessando o centro; a gente quer mais ruas de serviço, mais ruas de pedestre e o VLT entra nesse contexto. É um transporte ecologicamente correto. Vai suprimir, sim, os ônibus em relação à Rio Branco. Onde há VLT não haverá nenhum outro ônibus, apenas os VLTs, garantiu Claudia Secin.
Ao comentar o planejamento, a Presidente frisou que a CET-Rio participa, sim, de todos os projetos de mobilidade junto com a Secretaria de Transportes. No caso do VLT, reuniões foram feitas desde o início, juntando a CET-Rio, a Secretaria de Transportes, a CDURP (Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro) e o próprio Consórcio VLT, o encarregado da elaboração do projeto executivo, do detalhamento e execução da obra. Mas a concepção é da Secretaria Municipal de Transportes e da CET-Rio.
Em relação não só ao VLT, mas como também aos BRTs, ao metrô e Supervia (trens) há sempre a preocupação de integrar esses modais, para que tenhamos uma grande rede de transporte, de modo a melhorar a condição das pessoas que optam pelo transporte público e incentivar quem está de carro a aderir ao transporte público.
Claudia Secin e Engenheiro Ricardo Lemos – Assessor da Presidência da CET-Rio -,são de opinião: Quando essas obras estiverem concluídas, 60% das viagens na Cidade do Rio de Janeiro serão feitas em transporte público de média e alta capacidade. A nossa expectativa, depois que a TransBrasil estiver concluída e todas essas obras, 60% das viagens passarão a usar o transporte público de alta capacidade.
Citando números, disseram que, as pessoas que faziam um trajeto através de ônibus convencional e que estão usando BRS, hoje, já estão ganhando 20% a mais de tempo. Em relação aos BRTs, quem fazia uma determinada rota, via ônibus normal, ou até em seu próprio veículo e opta pelo BRT, está tendo um ganho de viagem de 50%.
Em relação ao futuro do transporte na Cidade, a Presidente da CET-Rio enfatiza que a Prefeitura está trabalhando no Planejamento Estratégico para 2017 a 2020, justamente para assumir todo esse legado das Olimpíadas e dar continuidade a ele. As iniciativas estratégicas na área de mobilidade são: a continuação da rede de BRTs e a continuação do VLT integrando outros bairros, inclusive a Zona Sul.
Grupo de estudo que concluirá o Plano até o final deste ano permeia a Prefeitura toda. No caso de mobilidade, participam a CET-Rio, as Secretarias de Transportes, Obras, Secretaria de Concessões e Parcerias Pú- blico Privadas (PPP), Secretaria de Urbanismo, Habitação e Meio Ambiente. É um projeto de Governo, diz Claudia Secin
Nesse Plano consolidado pelas Secretarias da Casa Civil e do Governo, o que se valoriza é a mobilidade através do transporte público e de alta capacidade. O transporte de alta capacidade é o trem e o metrô. E o transporte público, que é de média capacidade, no caso são o VLT, BRT e BRS.
Sobre a construção do metrô, um projeto do Estado, Claudia Secin disse que está funcionando bem a interface Secretarias de Transporte do Estado e do Município, em que as ações são combinadas, até porque, por exemplo, “sem o apoio da Prefeitura, com as interdições, com as alterações do trânsito, com planejamento, as obras do metrô não estariam acontecendo; e estão acontecendo com o mínimo de impacto possível”.