Década 1960-2015: Cidade do Rio de Janeiro preserva segurança hídrica
Artigo retirado da revista SEAERJ Hoje, nº 25 (julho de 2015), páginas 11 e 12.
A Mattos Santos Cidade do Rio de Janeiro não tem crise de água à vista, mesmo com essas reduções de vazão anunciadas pela Agência Nacional de Águas (ANA) e pelo Operador do Sistema Elétrico Nacional (ONS), porque o Sistema Guandu de abastecimento de água utiliza 40 m³ por segundo, volume bem inferior ao que o rio Guandu mantém.
Esta é a convicção do Engenheiro Hugo de Mattos Santos, associado da SEAERJ desde 1959, intimamente ligado ao sistema Guandu que ajudou a construir como engenheiro fiscal de obras; admite que antes de o Rio sofrer crise de abastecimento, o sistema de geração de energia sofreria primeiro, porque o Guandu é um rio transposto do Paraíba do Sul, que primeiro gera energia para o sistema Light.
Hugo de Mattos, que foi Secretário de Obras do Governo Faria Lima (1975/1979), atuou primeiro no Departamento de Águas do Estado do Rio de Janeiro como Engenheiro Auxiliar. Passou depois para Engenheiro, foi Chefe de Serviço, Chefe de Divisão, Diretor e acabou como Presidente da CEDAG, do Estado da Guanabara, antecessora da atual CEDAE.
Minha afinidade com o Guandu vem desde que a obra começou. Quando o Carlos Lacerda tomou posse no Governo, logo depois ocorreu uma grande chuva lá em cima da Estação de Tratamento do Guandu. Eu não tinha nada com o Guandu nessa ocasião.
Mas houve uma inundação na estação de alto recalque do Guandu e a cidade ficou sem água. O Governador Lacerda foi ver de perto o motivo da falta de água que não voltava à rede devido a inundação das bombas.
Lacerda, homem de um impulso muito grande, achou que estavam sabotando o Governo dele. Então, demitiu todo mundo, chamou, inclusive, a Marinha para tomar conta lá do alto recalque e o mais curioso: chamou o Exército para ocupar a Estação de Tratamento do Guandu. Eu achei tudo muito engraçado porque lá pelas tantas tinham soldados acampados nas galerias de filtros do Guandu, relembra Hugo de Mattos.
Desde essa época, “comecei a viver o Guandu”, porque tinha participado da execução do túnel Engenho Novo-Macacos, feito de 1958 a 1960 mais ou menos. Como a nova obra do Guandu teria 40 km de túneis, me chamaram para chefiar, para comandar essa obra, que estava começando em 1960.
Hugo de Mattos, que cursou Engenharia na PUC/ Rio, recorda que foi feito modelo reduzido apenas para a tomada d’água, para se conhecer qual era o melhor ponto do rio para se fazer a captação. O modelo foi feito num laboratório especializado.
O resto foi projeto mesmo e refizemos alguns. Por exemplo, quando estávamos fazendo a nova estação de tratamento do Guandu, constatamos uma série de bobagensinhas no projeto.
Lembro-me das reações dos executores da obra quando levei o projeto para um dos melhore escritórios de cálculo do Rio de Janeiro, à época, par ser refeito.
O projeto foi elaborado de 1953 a mais ou menos em 1958, quando ficou decidido fazer um túnel de água, porque o sistema Guandu teria 40 km de túneis. Então, foi feito um pequeno tú- nel que era o final da obra, só para se verificar, realmente, como se comportava esse túnel: foi quando se fez o túnel Engenho-Novo-Macacos, que era uma parte do sistema. E foi realmente um sucesso, conta Hugo de Mattos.
“Mas os verdadeiros pais do projeto do Guandu para atender pelo menos 50 anos (2015) do Rio de Janeiro com 40 m³ de água por segundo integravam a Comissão de Engenheiros Excepcionais que foram: Edgar Pereira Braga, Marcelo Teixeira Brandão e Rosauro Mariano da Silva”.
Esses Engenheiros resolveram mergulhar numa metodologia moderna, atual, real e durante três anos estudaram o Guandu para 50 anos, ressalta Hugo de Mattos.