Custo de manutenção do túnel extravasor seria inferior a dos piscinões para controle de cheias
Artigo retirado da revista SEAERJ Hoje, nº 27 (julho de 2016), páginas 47 e 48.
O túnel extravasor projetado para captar as águas excedentes de chuvas dos rios Rainha, dos Macacos, na Zona Sul da Cidade do Rio de Janeiro, do Maracanã e Joana, na região da Tijuca, seria inferior à manutenção dos piscinões das Praças da Bandeira, Niterói e Varnhagen.
Enquanto o túnel extravasor com 5 km de extensão independe da retirada de sólidos da galeria, porque a água faz isso, os piscinões, além de acumularem sólidos e detritos que têm de ser removidos para algum lugar, ainda dependem de bombeamento para a retirada da água que se acumula nos tanques profundos, como o da Praça da Bandeira, com 20 metros e capacidade para armazenar 18 milhões de litros.
Na opinião do Engenheiro Ididoro Campos Raposo de Almeida, o fiscal das obras do túnel extravasor há 40 anos atrás e ao torcer para que “os piscinões deem certo”, admite que “mesmo sem conhecer detalhes dos projetos tenho a convicção de que os custos de manutenção do extravasor seriam inferiores a até 30% ao dos piscinões”.
A ideia de construção do túnel extravasor para captar as águas das encostas antes de atingirem as partes baixas da cidade, se desenvolveu a partir das enchentes de 1966/1967 que inundaram, principalmente, a Praça da Bandeira. O extravasor com 5 km de extensão e 30 m² de seção em formato ferradura, desembocaria no costão do Vidigal, na Av. Niemeyer.
De jusante para montante, o rio Rainha, ainda hoje o responsável pelas inundações na região do Jóquei, Zona Sul do Rio, após passar nas imediações da PUC-Rio, na Av. Marquês de São Vicente, desemboca no canal da Visconde de Albuquerque. O segundo rio a ser captado seria o rio dos Macacos que desemboca na Lagoa Rodrigo de Freitas concorrendo para elevação do nível de água em meio a chuvas mais fortes.
Mais à frente, o extravasor captaria o rio Maracanã e depois o rio Joana e jogaria as águas excedentes diretamente no mar. As captações desses rios estava prevista em projeto, com áreas reservadas para a construção das tomadas d’água como a prevista na Rua Mary Pessoa visando o rio Rainha. Essas áreas estão praticamente tomadas por construções, “porque ninguém, se preocupou em preservá-las para essa finalidade”, diz Isidoro Raposo, como é mais conhecido. A captação do rio Maracanã seria na Rua Conde de Bonfim, altura da favela do Morro do Querozene.
Foi utilizada pela primeira vez para a proteção provisória dos primeiros 1.500 metros perfurados e protegidos mediante cambota metálica, arco de ferro, complementado com pedra de mão, para proteção especialmente da rocha fraturada.
O extravasor não captaria água dos rios em tempo seco para evitar o assoreamento da galeria , mas apenas as águas excedentes de chuvas, acima do nível do rio em sua calha normal. O túnel começa na cota de 1,50 metro acima do nível do mar e terminaria na cota de 15 a 20 metros,
Com 1.500 metros escavados no prazo de pouco mais de um ano, a obra descontinuou por questão de licitação e orçamento limitado para as obras complexas de abertura de túneis em geral. Com apenas dez itens dos custos previstos no orçamento, as eventualidades da obra em rocha fraturada ficaram sem cobertura financeira, o que motivou a empresa construtora a desistir.
O trecho construído do túnel corresponde à distância aproximada entre o costão do Vidigal, na Avenida Niemayer, local do deságue, e o atual emboque do túnel Dois Irmãos na Gávea. Nesse ponto, casas apresentaram rachaduras, porém as vibrações não decorreram da abertura do túnel extravasor com seção medindo 5 metros de altura por seis metros de largura, mas da abertura do túnel Dois Irmãos, como ficou comprovado na época, cerca de 40 anos atrás, conta o Engenheiro Isidoro, sócio da SEAERJ desde 19 de julho de 1970.