
Câmara Metropolitana
Câmara Metropolitana discute Baía de Guanabara em debate da SEAERJ
A Baía de Guanabara foi o tema principal do encontro da Câmara Metropolitana no ciclo de propostas para o Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano Integrado (PEDUI) na Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos (Seaerj), em 30 de maio. O objetivo foi o de aprofundar os debates acerca da Baía de Guanabara, não somente a poluição, mas também, os problemas em seu entorno e o transporte hidroviário.
O arquiteto Carlos Fernando Andrade, o engenheiro e ambientalista Guido Gelli, a arquiteta Valéria Bechara e o pesquisador de Engenharia Ferroviária, Antônio Pastori compuseram a mesa debatedora que foi mediada pelo diretor-executivo da Câmara Metropolitana, Vicente Loureiro. O mediador destacou a importância de se discutir os usos e os possíveis conflitos em torno da Baía de Guanabara para assim tomar as providências sustentáveis mais adequadas ao seu futuro. O presidente da Seaerj, Nilo Ovídio, também esteve presente ao debate junto de outros integrantes dos quadros do Estado e do Município, que participaram anteriormente das oficinas realizadas para reunir as contribuições desses profissionais a partir de suas experiências visando se traçar um diagnóstico sobre a questão.
Guido Gelli defendeu que todos nós devemos pressionar o Estado e exercer nossa cidadania. “Há muitos lugares, como o manguezal de Guapimirim, que nem a população local conhece direito, ocasionando um abandono e depredação da região”. Para ele, “é importante que as pessoas tenham a sensação de pertencimento com relação à Baía de Guanabara”.
O pesquisador Antônio Pastori sustentou a implementação de seus projetos, que visam expandir a malha ferroviária e aquaviária na região do entorno da Baía de Guanabara e criticou duramente a subtilização dos modais.
— Os modais (ferroviários e aquaviários) são altamente subutilizados. Nós temos esse espelho d’água da Baía de Guanabara maravilhoso e deveria ser mais utilizado — criticou Antônio Pastori.
Para o especialista, a melhoria da mobilidade urbana na RMRJ vai impactar positivamente em novas oportunidades para o Turismo, Ecoturismo, Hotelaria e Gastronomia da região banhada pela Baía de Guanabara, além de reduzir a “produção” sacrificada no dia a dia da população trabalhadora.
— Isso reflete uma total ineficiência e existem os seus efeitos colaterais como males como o estresse e doenças respiratórias — complementou Pastori.

Segundo pesquisa da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN) realizada em 2012, o tempo médio do deslocamento casa-trabalho-casa, na Região Metropolitana do estado, conhecido como Produção Sacrificada, chega a 141 minutos, prejudicando milhares de trabalhadores. O prejuízo financeiro, de acordo com a FIRJAN, ultrapassou os 24 bilhões de reais em 2013.
Dois terços das viagens na Região Metropolitana do Rio de Janeiro são motorizadas, das quais, apenas 5,4% são sobre trilhos e 0,5% aquaviário, segundo estudos do Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU) de 2013. A frota de veículos do Rio de Janeiro é de quase 3 milhões, incluindo motos, caminhões, ônibus e automóveis. Ainda de acordo com o PDTU em 2013, todos os dias mais de 78 mil veículos circulam na RMRJ pelas BRS 040 e 116.
Foi aprovado recentemente em segunda votação na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), o Projeto de Lei 1.542/2012 que cria a linha social de transporte hidroviário urbano de passageiros ligando a Praça XV e o Parque Trevo das Missões, no Primeiro Distrito de Duque de Caxias.
Antônio Pastori concluiu apresentando o projeto conceitual chamado de “Barcas do Imperador” que vai de Guia de Pacobaíba, passando pelo aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, concluindo viagem na Praça Mauá. Um percurso de 22 quilômetros, baseado nos estudos do engenheiro Hélio Suêvo.