Discurso de posse do novo Presidente Haroldo Mattos de Lemos
Veja abaixo o discurso do novo presidente da SEAERJ Haroldo Mattos de Lemos proferido durante a Posse da Nova Diretoria da SEAERJ Biênio 2017 – 2019.
Em primeiro lugar quero agradecer, em nome da Chapa Movimento e Ação, a confiança que os associados da SEAERJ depositaram nesta nova administração. A nossa responsabilidade é muito grande. Quero deixar bem claro que daremos continuidade ao trabalho iniciado nas gestões anteriores de revitalização da nossa entidade e em defesa dos servidores do Estado e do Município do Rio de Janeiro.
Para vencer os desafios à nossa frente conto com a participação ativa de todos os associados e funcionários da nossa SEAERJ. Sugestões e críticas construtivas serão sempre muito bem-vindas.
Conclamo, portanto, todos os associados a cuidar bem da nossa SEAERJ, no nosso dia a dia, sem descanso. Acho que é bom lembrar a “Teoria das Janelas Partidas”.
Em 1969, um professor da Universidade de Stanford realizou uma experiência de psicologia social. Deixou duas viaturas idênticas, da mesma marca e cor, abandonadas na via pública. Uma em Bronx, numa zona pobre e conflituosa de Nova York e outra em Palo Alto, zona rica e tranquila da Califórnia. A viatura abandonada em Bronx começou a ser vandalizada em poucas horas. Perdeu as rodas, o motor, o rádio. Contrariamente, a viatura abandonada em Palo Alto manteve-se intacta. É comum atribuir à pobreza as causas de delito. Uma semana depois, os investigadores partiram um vidro do automóvel de Palo Alto, e isto desencadeou o mesmo processo de roubo e vandalismo. Não se trata de pobreza. É algo que tem que ver com a psicologia humana e com as relações sociais. Um vidro partido numa viatura abandonada transmite uma ideia de deterioração e de desinteresse, que vai quebrar os códigos de convivência, como de ausência de lei e de regras, como o “vale tudo”.
Surgiu a ‘Teoria das Janelas Partidas’: os delitos são maiores nas zonas onde o descuido, a sujeira, a desordem e o maltrato são evidentes. Se uma comunidade exibe sinais de deterioração e isto parece não importar a ninguém, o processo é desencadeado. A Teoria das Janelas Partidas foi aplicada pela primeira vez nos anos 80 no metrô de Nova York, o lugar mais perigoso da cidade. Começou-se por combater as pequenas transgressões: graffitis, sujeira das estações, alcoolismo entre o público, evasões ao pagamento de passagem, pequenos roubos e desordens. Os resultados foram evidentes. Começando pelo pequeno conseguiu-se fazer do metrô um lugar seguro. Em 1994 o prefeito de Nova York, baseado na Teoria das Janelas Partidas lançou uma política de ‘Tolerância Zero’. A estratégia: comunidades limpas e ordenadas, não permitindo transgressões à Lei e às normas de convivência urbana. O resultado foi uma enorme redução de todos os índices criminais da cidade de Nova York.
Tenho certeza que podemos aplicar estas lições ao nosso Estado do Rio de Janeiro. A SEAERJ, com seus quase dois mil associados, mais da metade ativos, tem um grande potencial para participar mais ativamente no desenvolvimento do nosso Estado do Rio de Janeiro.
A este respeito, no dia 10 de agosto próximo vamos realizar aqui na SEAERJ um Seminário sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, aprovados em 2015 nas Nações Unidas por 193 países, para serem atendidos até 2030, e que incluem, entre outros, redução da pobreza e das desigualdades, melhoria no nível de educação, melhorias no saneamento e no transporte público. Vamos assinar neste dia um Memorando de Entendimento com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, para que a SEAERJ seja parceira na divulgação e no alcance dos ODS no âmbito dos governos estadual e municipais no Estado do Rio de Janeiro.
Meus amigos, pouco tempo atrás li e gostei de um texto, “O valioso tempo dos maduros”, de Mário de Andrade, e acho que se aplica a muitos de nós aqui presentes. Mário de Andrade escreveu:
“Contei muitos anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam ego inflamado. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talento e sorte. Já não tenho tempo para conversas intermináveis. Para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha vida.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas rótulos. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa.
Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana, que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge da sua mortalidade. Quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!”
Eu acredito que existem coisas essenciais na nossa vida. São aquelas que não recuperamos: o tempo, a palavra e a oportunidade. Aquelas que não podemos perder: a paciência, a esperança e a dignidade. Aquelas que valem mais do que tudo: o amor, a confiança e as convicções. Aquelas que são inconstantes na vida: o poder, a sorte e a prosperidade. Aquelas que definem uma pessoa: a honestidade, o trabalho e suas realizações, e aquelas que são mais difíceis de dizer: eu te amo, me perdoe e eu preciso de ajuda.
Para terminar, quero lembrar algumas frases atribuídas ao Papa Francisco, com as quais me identifico: “A felicidade interna não vem das coisas materiais no mundo. Quando se tem amigos e família com quem falar, rir, e cantar, isso é felicidade verdadeira” e “A vida é boa quando você está feliz, mas a vida é muito melhor quando os outros estão felizes por sua causa. ”
Portanto, meus amigos associados da SEAERJ, vamos trabalhar tendo como objetivo final nossa felicidade verdadeira. Muito obrigado.
— Haroldo Mattos de Lemos