Engenheira Eva Vider discorre sobre planilha de custos dos transportes públicos em reunião do Conselho da SEAERJ
Em 28 de março, na 2ª Reunião Extraordinária do Conselho Diretor da SEAERJ, a engenheira civil Eva Vider ministrou, no auditório da entidade, a palestra “Custo da Mobilidade Urbana – Planilha de Custos, Tarifas e Políticas Tarifárias do Transporte Público”. Mestre em Engenharia de Transporte e professora adjunto da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Eva enfatizou a importância de se fazer um monitoramento da planilha de custos do transporte público.
“Se a gente não consegue ter acesso às planilhas de custos, a gente não tem elementos para questionar se a política tarifária está condizente, se a tarifa cobrada é suficiente para cobrir os custos, se quem está pagando tem condições de arcar com essas despesas. Tudo começa a partir de uma boa planilha de custos”, disse.
Durante a palestra, Eva abordou os principais elementos de uma planilha de custos, destacando que ela deve considerar os custos fixos e variáveis.
“Os custos fixos independem da quilometragem percorrida. Não importa se o veículo está em movimento ou não. Os custos vão ocorrer de qualquer maneira. Nesses cálculos estão inseridos os gastos com pessoal mais encargos, que correspondem à maior despesa dos itens em qualquer planilha de custos do setor de transportes, assim como de qualquer setor. Temos que considerar, ainda, a depreciação dos veículos e equipamentos, assim como os impostos e taxas em geral”, explicou.
Ela prosseguiu listando os custos variáveis de uma planilha.
“São os custos que variam de acordo com a quilometragem, como os custos de combustíveis e lubrificantes; o custo de rodagem, no caso do transporte rodoviário, que se torna caro, por exemplo, em relação ao preço dos pneus; e peças e acessórios”.
Eva explicou que um dos objetivos da planilha de custos é calcular o custo por quilômetro de cada sistema de transporte público, seja rodoviário, ferroviário, metroviário e marítimo, que é calculado por milha.
“Se você consegue calcular quanto custa o quilômetro de cada um dos sistemas de transporte, de determinada frota, de um determinado ano e modelo e o respectivo valor de sua depreciação, será possível calcular o custo efetivo desse quilômetro. Se uma linha de ônibus tem um custo de R$ 5,00 por quilômetro, em um trajeto de 15 quilômetros, o custo será de R$ 75,00. A partir do número de passageiros, você poderá calcular o valor unitário da passagem. Esse é o conceito básico de uma política tarifária quilométrica e da aplicação de uma tarifa de equilíbrio”.
A engenheira explicou que esse modelo tarifário quilométrico, utilizado na década de 70, foi reformulado, considerando que não era justo que as pessoas que moravam em bairros mais longe pagassem mais, enquanto as que moravam perto, pagassem um valor menor.
“Lá pelos idos de 1975 a Secretaria de Transportes resolveu fazer um plano de revisão tarifária e um dos argumentos era de que nas linhas mais curtas, como a que ligavam do Centro a Botafogo, as pessoas tinham poder aquisitivo maior que o das pessoas que utilizavam as linhas mais longas, como em Campo Grande, na Zona Oeste. Por isso, buscou-se uma tarifa por área.”
A palestrante também abordou sobre os modelos de política tarifária. Eva lembrou que na gestão do prefeito Cesar Maia, foi implantado o modelo de tarifa única.
“Só que o modelo implantado foi o de uma tarifa única política. Esse modelo foi copiado por outros governos. Porém, os custos foram aumentando e a qualidade dos serviços e a manutenção da frota foram piorando gradativamente”.
Eva propôs a implantação dos modelos de tarifas utilizados nos Estados Unidos e na Europa.
“A tarifa única é boa quando as distâncias médias de transporte são equivalentes. A sugestão é se adotar o sistema de anéis tarifários. No Centro, que tem uma distância média de transporte “X”, deve ser aplicada uma tarifa ‘A’; se o deslocamento for para uma região com uma distância média maior, tarifa ‘C1’, que corresponderá aos bairros pertencentes ao anel tarifário ‘C1’. Esse modelo é possível de ser feito no Rio de Janeiro”, sugeriu.
Ela encerrou sua apresentação, propondo que a SEAERJ monte uma equipe para obter as informações sobre as planilhas de custos atualizadas de cada um dos módulos de transporte público.
“Nós não temos acesso à informação real, atualizada, sobre o que é uma planilha de custos. Temos que buscar nos setores competentes, tentar entender o porque das tarifas estarem sendo revisadas. As tarifas do Metrô e do trem são aumentadas pelo IGPM; a das barcas, pelo IPCA. A implantação da linha do BRT para Campo Grande é muito mais barata do que a do ônibus convencional, mas isso não é considerado nesse cálculo. Nos casos do trem e do Metro, não importa se aumentou o número de passageiros. O índice é aplicado automaticamente”, concluiu.