Engenheiro afirma que despoluição da Baía de Guanabara passa obrigatoriamente pela construção de redes de coleta de esgoto
O engenheiro Luiz Edmundo da Costa, durante a palestra “Despoluição da Baía de Guanabara – Mitos e Verdades”, ministrada no auditório da SEAERJ, nesta quarta-feira, dia 25 de abril, considerou a falta de construção de redes de coleta de esgoto como o principal problema para o fracasso de todas as iniciativas para despoluição desenvolvidas até agora. O professor da UFRJ aproveitou para rebater as avaliações dos que consideram que os programas não alcançaram êxito por causa da corrupção que teria desviado os recursos destinados à despoluição. A palestra aconteceu durante a Reunião Extraordinária do Conselho Diretor.
“O caminho para resolver a questão da despoluição da Baía de Guanabara, sem querer desrespeitar os milhões de estudos que foram feitos nesse sentido, é construir rede de captação. Foram feitas muitas coisas, mas não houve preocupação com a rede. Isto porque as redes ficaram como contrapartida do PDBG, para serem feitas com os recursos, basicamente do Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano (FECAM)”, avaliou.
Edmundo lembrou que houve um período em que a preocupação com as redes chegaram a avançar, no Estado, mas foram abandonadas a partir da decisão do governo em priorizar os recursos para o projeto de esgotamento sanitário da Barra da Tijuca, especialmente, para a construção do emissário submarino da Barra da Tijuca.
“O Programa estava caminhando relativamente bem. Inclusive, as redes de São Gonçalo, Nilópolis e São João de Meriti estavam funcionando regularmente, com os recursos do FECAM. O então prefeito do Rio, César Maia, decidiu fazer a concessão de água e esgoto da Barra da Tijuca, que seria assumida pela iniciativa privada. Porém, o governador Garotinho se desentendeu com o prefeito e decidiu que o projeto seria tocado com os recursos do Estado. E entre a construção do emissário da Barra e a rede de Saracuruna, adivinhe qual foi a opção do Governo? Com isso, os recursos para construção de redes de coletas de esgoto secaram definitivamente”, lembrou.
Luiz Edmundo também discordou daqueles que consideram que a despoluição não ocorreu por causa da corrupção e desvio de recursos.
“Esse é um grande mito. Fala-se no imenso volume de recursos, acima de R$ 1 bilhão no PDBG. Esse valor é muito inferior ao total que seria realmente, necessário, para o desenvolvimento do programa. O que houve foi falta de foco. Os recursos do programa não eram destinados exclusivamente para a despoluição, mas envolveu investimentos, também em melhoria fiscal, mapeamento digital, reforma do laboratório da FEEMA, propostas de usinas de lixo, muitas até que foram criadas, mas depois abandonadas”, explicou.
Para Edmundo, também não há interesse das prefeituras pela despoluição.
“Os prefeitos não têm muito interesse porque as obras de saneamento acabam refletindo em ruas esburacadas”, ponderou.
Apesar de apontar as redes como a solução para iniciar o processo de despoluição, Edmundo avalia que a solução não é tão simples.
“Na verdade, trata-se de um paradoxo. Apesar de acreditar na rede como solução, devo confessar que há dificuldades para alcançarmos uma solução. Temos que enfrentar questões construtivas, como o nível da soleira das casas na Baixada Fluminense. Outra questão importante é a tarifária. Como a população pobre vai suportar pagar uma tarifa de esgoto e os custos de ligação?” questionou.
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1 Comentário
É uma iniciativa importante organizar um seminário para discutir as soluções para despoluição da Baia de Guanabara.Porem é importante que esteja pautado os desvios dos recursos que o Banco Interamericano [BID ] investiu nos últimos dez anos nos projetos de despoluição da Baia de Guanabara,sem que os resultados fossem satisfatórios e os responsáveis pelo desvio punidos.A população precisa saber quem e qual foram os responsáveis pelo desvio dos recursos para serem empregados na despoluição da Baia de Guanabara para a despoluição e porque não do Saneamento Ambiental.Portanto dentro deste contexto realizar um Seminário somente para discutir as soluções para a Bahia de Guanabara é ignorar os demais problemas ambientais decorrente de projetos e programas ambientais que não foram executados e com isto acabou impactando a Baia de Guanabara com diversos Resíduos.embora a lei dos Resíduos foi prorrogado para 2,022-Tião Cidadão-Agente social e ambiental/SESC-Niterói,22/06/2019.