Engenheira Clarice de Aquino: “O Brasil ‘trem’ jeito!”
“O Brasil ‘trem’ jeito!”, afirmou a vice-presidente da Federação das Associações de Engenheiros Ferroviários (Faef), engenheira Clarisse de Aquino Sonaggi, ao encerrar sua palestra “Ferrovia – Para Onde Vão Nossos Trilhos?”, ministrada na quarta-feira, 28, no auditório da Seaerj. O evento fez parte da 7ª Reunião Extraordinária do Conselho Diretor da entidade, e foi presidida pelo engenheiro Haroldo de Mattos Lemos, presidente da Seaerj.
Durante a palestra, Clarisse propôs a união de esforços entre as entidades como forma de buscar a recuperação do setor ferroviário no Brasil e, particularmente, no estado do Rio de Janeiro.
“Trazemos uma proposta de reflexão junto à Seaerj e todas as entidades que envolvem os ferroviários, para buscarmos soluções sobre o que podemos fazer, para a recuperação do setor no estado e no país. Nosso objetivo é juntar os esforços técnicos da Seaerj, da Faef e da Associação dos Engenheiros Ferroviários do Estado do Rio de Janeiro (Aenfer), em um grande mutirão, visando ao resgate da nossa ferrovia”, afirmou a engenheira.
Ela também chamou a atenção sobre a luta contra a Lei 13.448/2017, criada para permitir a renovação das concessões no setor ferroviário.
“Graças a Deus a Procuradoria Geral da República concordou com nossos pontos de vista no sentido de que não é justo que se renove as concessões no setor ferroviário, sem que haja antes um ajuste de contas. Aquelas concessões que cumprirem os contratos, que sejam renovadas; mas aquelas que não, que sejam cobrados a elas, o que é devido”, afirmou.
Na opinião da engenheira, a falta de renovação de profissionais capacitados para atuarem em toda a estrutura da rede ferroviária é um dos principais problemas enfrentados pelo setor.
“Esse foi um grande ponto negativo, porque se criou uma lacuna de excelentes profissionais e não houve a renovação devida, porque é uma cadeira que leva anos para adquirir o conhecimento suficiente para atuar no mercado. Hoje, existem cursos de aperfeiçoamento, de MBA, nos quais a nova geração está sendo formada. Mas ainda existe essa lacuna e se paga um prejuízo muito grande por isso”, avaliou.
No encerramento de sua explanação, Clarice voltou a conclamar a união das entidades para encontrar as melhores soluções para recuperação do setor.
“O Ministério dos Transportes precisa voltar a gerir uma política nacional de transportes. É preciso reestruturar o nosso setor de cargas e passageiros. A ANTT deve, realmente, fazer o papel fiscalizador e é necessário priorizar o transporte de passageiros. Podemos aproveitar as linhas ociosas, mas, principalmente, precisamos criar um grande fórum de discussão, envolvendo entidades como a Faef, Aenfer, Seaerj, a comunidade científica, institutos, para que possamos inciar um grande movimento. Porque eu acredito muito nessa frase: o Brasil ‘trem’ jeito”, afirmou.