SEAERJ recebe sanitarista Eduardo Costa para palestra sobre vacinas contra Covid-19
O Conselho Diretor da SEAERJ recebeu o médico sanitarista e professor titular da Escola Nacional de Saúde Pública da FIOCRUZ, Eduardo Costa em sua 19ª reunião ordinária. Sob o comando do presidente Alberto Balassiano, o palestrante explicou como as apostas de vacinas contra o novo coronavírus funcionam e como foram idealizadas.
Para iniciar sua explanação Eduardo contextualizou o cenário das vacinas no mundo. A primeira vacina foi criada ao acaso, o vírus da varíola inativado causava uma imunidade cruzada e o organismo conseguia se defender com a produção de anticorpos. Esse tipo de vacina pode ser usado em pessoas de todas as idades, pela segurança oferecida. Em alguns casos a produção de anticorpos não é suficiente em uma aplicação e é necessário mais de uma dose, o que segundo o sanitarista é seguro. Algumas vacinas são produzidas com o vírus atenuado, em que ele é replicado. Nesse caso, o vírus não causa a doença, mas sim uma pequena infecção no organismo e em seguida a produção de anticorpos. Além disso, leva mais tempo em desenvolvimento. Para Eduardo, esses dois tipos acima citados são os mais seguros e efetivos métodos. Hoje em dia existem outras formas além dessa de produzir vacinas, como utilização de material genético RNA e modificando o vírus através de processos biológicos e químicos.
As vacinas contra o Covid-19 em fase mais avançada são em sua maioria com vírus inativado e outras menos avançadas com ele atenuado. Para ele existe uma corrida mercadológica e tecnológica. “Desde a década de 90 começou um movimento na indústria farmacêutica a fim de pegar uma boa fatia do desenvolvimento de vacinas. As vacinas não são mais do estado e do coletivo, mas sim das grandes empresas” explicou. Algumas mudanças no meio ocorreram em diferentes governos no Brasil e no mundo. Uma nova política de fabricação foi estabelecida e critérios de produção validados pela OMS (Organização Mundial da Saúde), permitiram que empresas farmacêuticas fabricassem vacinas pelo mundo. Outro ponto exposto pelo médico sanitarista foi a influência política sobre o desenvolvimento de pesquisas e execução de vacinas. Após o 11 de setembro de 2001, a luta antiterrorista atrapalhou esse processo e, muitas vezes, pôs em dúvida o surgimento de novas doenças. Fundos mundiais de verbas foram criados e incentivos fiscais para desenvolvimento de pesquisas. Logo que o Covid-19 surgiu, começou uma corrida pela cura e, as principais farmacêuticas do mundo desenvolveram formas diferentes de estudo para fabricar uma vacina eficaz. Técnicas de rastreamento do vírus foram realizadas a fim de melhor compreender algo tão novo e acompanhar o caminho que ele seguiu. Em epidemias anteriores esse método ajudou a travar a disseminação dos vírus. Assim, as empresas estabeleceram métodos diferentes para chegar no resultado.
Ao responder perguntas dos participantes, Eduardo esclareceu que a chegada da vacina no Brasil depende de conjunções políticas e destacou que “Não tem sentido uma luta anti vacina. Não existe possibilidade de uma vacina alterar o DNA de uma pessoa. Ela faz com que o organismo humano vire uma fábrica de anticorpos”. Ainda não existem comprovações de efeitos adversos graves e, para o palestrante não é necessário utilizar vacinas que alterem o material genético do vírus se existem outras em desenvolvimento com processos mais seguros. É o caso da “vacina de oxford”, realizada pela Astrazenica em parceria com a FIOCRUZ e da Corona Vac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac. Ao ser perguntado qual vacina preferia tomar, ele revelou optar pela Corona Vac, que será fabricada em conjunto com o Instituto Butantan em São Paulo. Ele reafirmou a importância de vacinar a população em larga escala e principalmente de um plano de vacinação.
A imunidade individual não resolve o problema, essa é uma questão coletiva. O vírus tem potencial de reinfecção, portanto todo cuidado é pouco. O nível de contágio no país fez efeito de vai e vem durante todo esse período. Ao finalizar, o especialista destacou dois pontos importantes nesse momento: “O primeiro ponto é que vacina é boa e o movimento anti vacina é uma maluquice. O outro é que precisa de cuidado na produção para que se atinja uma boa qualidade”.