Seaerj promove Mesa de Debates sobre a Construção da Tirolesa da Urca
Tradicional por promover eventos de relevância social e pública, a Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (Seaerj) realizou uma mesa de debates sobre a construção da tirolesa da Urca na última quarta-feira (29), em sua sede.
O evento teve como objetivo expor as diversas nuances do projeto de obra, sobretudo os impactos que isso pode causar. Nomes importantes da área compuseram a mesa para explanação do tema.
Dentre eles, a presidente da casa, Maria Isabel Porto Tostes, que comandou a conversa; André Ilha, biólogo e montanhista, profundo conhecedor da área abordada; Sergeo Alvim, arquiteto e advogado; Beatriz Novaes, representante da Associação de Moradores da Urca; Aurimar Prazeres, representante da Renova Urca; Sônia Rabello, sócia da Seaerj e ex-vereadora; e o subsecretário de Meio Ambiente, Artur Sampaio, representando a secretária e vereadora Tainá de Paula.
Os participantes expuseram os pontos que devem ser considerados pela população e autoridades, e explicaram o porquê a Tirolesa seria um erro para a cidade. Para dar início, André Ilha contextualizou o assunto e explicitou as questões gerais do local, sobretudo o modus operandi do morro da Urca no decorrer dos anos. Ele frisou sobre os danos à fauna e flora do local, e registrou que seria um dano ambiental irreversível. Para ele, a obra é inviável por conta da degradação que causaria ao morro da Urca, cartão postal da cidade. Em sua explanação, Ilha relembrou a todos que a criação do parque levou anos, e deve ser considerado como o ponto ecológico que é.
Sergeo Alvim expôs a problemática em detalhes através de uma apresentação AQUI. Ele mostrou as intervenções realizadas no morro do Pão de Açúcar, e algumas explicações dadas pela SMAC e pelo IPHAN. Segundo parecer técnico, o Instituto responsável colocou a obra da Tirolesa como não prejudicial ao espaço, e como mais uma alternativa de lazer significativa para a cidade do Rio. Mesmo assim, existe a indicação de revisão do projeto, e nova apresentação de plano de execução. A preocupação com o patrimônio é uma das prerrogativas.
As associações de moradores da Urca, representadas pelas figuras de Beatriz Novaes e Aurimar Prazeres, colocaram em pauta a boa convivência no bairro, diante da poluição sonora, e a incoerência do projeto. Ambas estiveram em reuniões e exibições sobre o projeto, e são contra a construção da Tirolesa. Elas apontam inconsistências entre o projeto e a realidade do morro da Urca, levando em conta a degradação que acometeria a região. A AMOUR e a Renova Urca estão incluídas no “Movimento Pão de Açúcar sem Tirolesa”, que busca a não execução da obra na Urca.
Sonia Rabello fez sua explanação questionando se esse é um desenvolvimento real para a cidade. Segundo ela, a falácia da destruição em prol de um desenvolvimento que não existe, já acontece desde 1500 quando os portugueses chegaram ao Brasil e exploraram o país. Para ela, o impacto negativo da obra seria irreparável, e o processo legal tem furos significativos. “Desenvolvimento social e econômico sem desenvolvimento socioambiental não vai gerar desenvolvimento humano e nem progresso”, comentou.
Os participantes fizeram apelos ao subsecretário de Meio Ambiente presente, que buscou esclarecer todas as questões e explicou como se deu o processo desde o início. Artur enumerou os fatos, desde que o projeto chegou na Secretaria, até o momento atual. Segundo ele, o IPHAN cedeu uma autorização prévia para a realização da obra da Tirolesa, e que no projeto não existem mudanças específicas de paisagismo ou de rupturas, já por se tratar de uma Unidade de Conservação. “Nenhum corte de rocha no projeto que foi analisado por técnicos na SMAC”, afirmou. Ele disse ainda que a Secretaria de Meio Ambiente está aberta e empenhada na manutenção da qualidade do espaço urbano da cidade, dentro das premissas legais e do Plano Diretor. Em nome da vereadora Tainá de Paula, ele se colocou à disposição dos presentes e da sociedade, para sanar dúvidas e esclarecer como a Secretaria vem lidando com o caso.
O evento seguiu com as perguntas dos presentes, com questões que aprofundaram o debate e estabeleceram pontos de vistas diferentes sobre o assunto. A presidente da casa reiterou que a Seaerj está aberta a discussões de interesse público e que sempre receberá a todos. O vídeo completo do Debate está disponível no YouTube da Seaerj: https://www.youtube.com/watch?v=xXdHNnqPa9g