Seminário a Revolução Solar no Brasil
Dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) mostram que o Brasil tem, hoje, cerca de 15 MW de potência instalada de energia fotovoltaica, muito pouco se comparada à matriz elétrica brasileira, que totaliza 135.000 MW. Como difundir essa forma de energia na sociedade? A constituição de cooperativas de energia renovável é um dos caminhos. E foi justamente para debater esse caminho de acesso à energia limpa por meio das cooperativas do segmento, que foi realizado o seminário “Revolusolar: a revolução solar no Brasil com modelos cooperativos”. O evento aconteceu no auditório da Sociedade dos Engenheiros e Arquitetos do Estado do Rio de Janeiro (SEAERJ) em 12 de setembro, com o apoio do Sistema OCB/Sescoop-RJ.
Durante o seminário, profissionais debateram temas como as possibilidades de energias renováveis para comunidades brasileiras por meio de cooperativas, estratégias políticas e ambições para energia renovável no Brasil e as fontes de financiamento para cooperativas do segmento. Em abril deste ano, o segmento cooperativo de infraestrutura foi elevado a um novo patamar graças a um fato: a criação pela ANEEL, por meio da Resolução nº 482/2012, da figura da “geração compartilhada”, possibilitando que diversos interessados se unam em consórcio ou cooperativa, instalem uma micro ou minigeração distribuída e utilizem a energia gerada para redução das faturas dos consorciados ou cooperados.
A questão foi diversas vezes citada no encontro como ponto de partida para o desenvolvimento de ações do segmento. O analista de mercados do Sistema OCB, Marco Olívio Morato, disse que a instituição tem trabalhado intensamente para garantir o desenvolvimento deste modelo econômico, como a inclusão de cooperativas na Resolução. “A revolução da matriz energética no Brasil será feita por meio de cooperativas de energia solar, que se tornarão protagonistas de ações de inserção social”, afirmou.
Anfitrião do evento, o presidente da Revolusolar, Pol Dhuyvetter, disse que o seminário aconteceu em um momento de renovação das cooperativas de energia renovável. “Promovemos, no Morro da Babilônia, na Zona Sul do Rio de Janeiro, uma iniciativa de gestão compartilhada com bons resultados. Nosso desejo com este encontro é que essa proposta seja expandida para mais pontos da comunidade e em outras localidades em nosso estado”, comentou.
Representando o presidente do Sistema OCB/Sescoop-RJ, Marcos Diaz, o vice-presidente da Sistema OCB/ RJ, Jorge Meneses, disse que o encontro foi importante, pois “questões importantes que estavam no papel, a partir deste evento, serão colocadas em prática. E o Sistema OCB/RJ está empenhado para contribuir no que for possí- vel”, garantiu.
O evento também contou com a presença do presidente da SEAERJ, Nilo Ovídio, dos diretores da OCB/RJ, Vinícius Mesquita e Ângelo Galatoli, do superintendente do Sistema OCB/Sescoop-RJ, Daniel Granuzzo, dos assessores da OCB/Sescoop-RJ, Adelson Novaes, Sabrina Oliveira e Carlos Piragibe e dos conselheiros do Sescoop/RJ, Inês Salles e Antônio Cesar Amaral.
Debates
Após a publicação da Resolução foi constituída a Cooperativa Brasileira de Energia Renovável (Coober), de Paragominas, no Pará. Raphael Vale, presidente da cooperativa, falou da experiência vivida pela primeira instituição do segmento no Brasil. O apoio das instâncias municipal e estadual e a Intercooperação, segundo ele, foram fundamentais. “A Resolução nº 482/2012 foi primordial para o segmento e tenho a convicção de que será a chave para a inclusão econômica e social, como primeira cooperativa do país. Temos a certeza que isso será importante”, disse.
Outra experiência foi apresentada pelo Presidente da Federação de REScoop Europa, Dirk Vansintjan. Ele explicou como o segmento se desenvolveu na Bélgica e disse que a federação possui 1,5% do mercado no norte belga, e que, ao longo de 2016, serão consumidos 1.000 MW. “Nós não trabalhamos sozinhos e praticamos a Intercooperação com outras cooperativas belgas, contribuindo para a transição energética no continente europeu”, falou.
Por fim, o vice-prefeito do município de Eeklo, na Bélgica, Bob D`Haeseleer, comentou as estratégias adotadas pela cidade, que era dependente da energia nuclear. Eeklo, segundo Bob, já possui oito turbinas eólicas, que abastecem, cada uma, 250 mil pessoas. O vice-prefeito também ressaltou que o apoio político e da sociedade foram fundamentais para o crescimento da oportunidade. “Em outras cidades do país isso não acontece. Em Eklo, gra- ças à toda confiança conquistada, já estamos planejando aumentar para 14 o número de turbinas, passando a exportar o excedente para outras cidades”, finalizou.