A SURSAN e a História das Obras Públicas do Rio de Janeiro
No início da noite de 15 de agosto, o engenheiro Julio Ferrarini e o arquiteto Armando Ivo de Carvalho, ex-funcionários da Superintendência de Urbanização e Saneamento do Estado da Guanabara (SURSAN), apresentaram um panorama sobre o advento da modernidade urbana no Rio de Janeiro e sua relação com a SURSAN, em apresentação no auditório da SEAERJ.
Após as palavras iniciais do presidente da SEAERJ, Haroldo Mattos de Lemos, o arquiteto Armando Ivo fez sua palestra com fotos da evolução da cidade do Rio de Janeiro, mostrando obras realizadas no governo de Dom João VI e as características da paisagem da cidade, com muitos mangues, a qual foi alvo de obras de salubridade e embelezamento na primeira metade do século XX. A primeira grande mudança ocorreu na gestão do prefeito Henrique Dorsworth, por volta dos anos 30, quando foi apresentada a Comissão do Plano de Cidade, uma orientação urbanística da Prefeitura do Distrito Federal.
Alguns anos depois, após a mudança da capital federal para Brasília, o Rio foi rebatizado como Estado da Guanabara. O engenheiro Julio Ferrarrini, que participou de muitas das obras dessa época, afirmou que projetos como o túnel da Barata Ribeiro e a Avenida Perimetral coincidem, justamente, com a época da criação da SURSAN.
Os palestrantes contaram algumas curiosidades sobre as obras das quais participaram, por volta dos anos 60. Segundo os profissionais, o modo de gestão mais moderno da SURSAN era o diferencial da superintendência, que realizou importantes obras de contenção de encostas na cidade e contava com a participação ativa dos funcionários, que concordavam com a gestão e se dispunham, inclusive, a fazerem hora extra, já que eram bem remunerados e valorizados pelos serviços prestados.
Para Carvalho, os moldes dessa gestão moderna, advinda da SURSAN, possibilitou a criação de planos de desenvolvimento do crescimento urbano do Rio, que foram se perdendo a partir da iniciativa de novas obras dos governantes que sucederam àquela época. Segundo o arquiteto e o engenheiro, os governantes acabaram optando, muitas vezes, por obras isoladas, desconsiderando as possibilidades que os planos desenvolvidos anteriormente poderiam oferecer no processo de modernização da cidade. Ferrarini também identificou como problema administrativo a falta de cuidado com ambientes como o Parque do Flamengo que, com projeto paisagístico idealizado pelo arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx, não é devidamente preservado.
Apresentação
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