
Décadas 1970-2015, Metrô do Rio: evolução de métodos construtivos em 45 anos
Artigo retirado da revista SEAERJ Hoje, nº 25 (julho de 2015), páginas 21 a 22.
A construção do trecho Praça Saens Peña até Praça General Osório que soma 13.500 metros de galerias do Metrô do Rio de Janeiro, teve grande parte executada pelo método Cut and Cover (cortar e cobrir) e consumiu 40 anos, com enormes transtornos à cidade e ao dia dia da população.
Esta avaliação é de quem trabalhou como Fase C (representante da projetista na obra para atender dúvidas e alterações de projeto) nas firmas projetistas responsáveis pelo Lote 5, Glória/Cinelândia e do Lote 30, Estácio/Praça da Bandeira e acesso às Oficinas -, Engº Selmo Fernando Amendoeira; elogia o método de construção utilizado hoje, ao comparar os 13,5 km com os 16 km do trecho da Linha 4, em execução desde Ipanema (Praça General Osório) à Barra da Tijuca (Jardim Oceâ- nico) em 6 anos, mediante o uso da tecnologia do TBM-EPB Shield (tatuzão) no trecho Ipanema à Gávea e abertura de túnel em rocha, da Gávea a Barra da Tijuca, com uso de explosivos, ambos de escavação subterrânea.
Sócio da SEAERJ desde 20 de agosto de 2014, formado pela Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF), é aposentado do Metrô onde trabalhou de 1985 até 2010, com passagens por importantes empresas de projetos, tendo coordenado as obras do Projeto Rio (aterro das áreas alagadas da Baia de Guanabara – região da Maré) do DNOS/BNH e as obras de 8 viadutos sobre a RFFSA no Vale do Paraíba.
Projetado nos idos de 1968/1969 para “ordenar o horroroso trânsito do Rio”, o Metrô passou por coordenação de técnicos alemães e franceses. Iniciado pelo trecho prioritário Glória-Central do Brasil, com as estações Cinelândia, Carioca, Uruguaiana e Presidente Vargas, prosseguiu – segundo trecho -, da Glória a Botafogo e depois Central do Brasil-Praça Saens Peña. Em outra etapa, as obras continuaram entre Botafogo e Copacabana, com as estações Cardeal Arcoverde, Siqueira Campos, Cantagalo – essa virou estacionamento temporário no Governo Brizola -, e Praça General Osório, em Ipanema.
Amendoeira recorda que a construção da Linha 1 do Metrô, com seus 13,5 km da Tijuca à Ipanema, consumiu até 2010, 40 anos, sendo que parte deste tempo, devido ao método construtivo à céu aberto, além de exigir várias desapropriações, as obras eram lentas, tendo a população que conviver com passagens estreitas para pedestres, buracos e mais buracos para execução do remanejamento das redes de serviços públicos com necessidade de relocação das mesmas, caminhões deixando detritos e poeira em seu caminho, coisa impensá- vel nos dias de hoje com uma consciência maior da população e leis ambientais mais restritivas.
Selmo diz lembrar-se “com saudade do dia em que o trem fez sua primeira viagem, da Praça 11 ao Estácio, sentindo no ar o orgulho dos colegas que ajudaram a construir esse trecho, isso em 1980, quando o Metrô já completava 10 anos em obras”. A construção do trecho Olímpico, como vem sendo chamado o trecho de 16 km entre Ipanema e a Barra, constituído pelo trecho Sul e trecho Oeste, impunha, para atender os prazos impostos para os Jogos Olímpicos, a escolha de métodos de execu- ção em menores prazos e o mínimo de incômodo da população. Com a utilização do TBM – equipamento alemão com cerca de 12 m de diâmetro, correspondendo a altura de um prédio de quatro andares, e a abertura de túneis com explosivos, o trecho deverá ser concluído antes das Olimpíadas do Rio.
A fazer parte da paisagem da entrada da Barra, haverá, servindo ao Metrô, uma ponte estaiada com um pilone de 70m de altura e 320 m de extensão sobre o canal da Barra (foto no Sumário). O trecho a ser operado nas Olimpíadas incluirá as estações Jardim Oceânico, São Conrado, Antero de Quental, Jardim de Allah, Nossa Senhora da Paz e General Osório 2, esta a ser interligada à Estação General Osório 1, já existente.
Com a conclusão da Linha 4 até julho de 2016, há previsão de o Metrô transportar nesse novo trecho de 16 km de extensão 300 mil passageiros/dia.
1 Comentário
Parabéns à SEAERJ pela divulgação da história das grandes obras realizadas na cidade.